segunda-feira, 4 de abril de 2016

"Find what you love and let it kill you"

Serpente. De repente era hora de trocar a pele. Doía. Muito. O corpo inteiro lutando contra ele mesmo. Hora de não saber o que vem. Hora de não ser o que quer. Hora em que o coração para. Aniversário de Cazuza. Que coincidência. Eu também vi a cara da morte.

"Queria um dia no mundo
Poder te mostrar o meu
Talento pra loucura
Procurar longe do peito
Eu sempre fui perfeito
Pra fazer discursos longos
Fazer discursos longos
Sobre o que não fazer
Que é que eu vou fazer?"

Então, vamos pra vida.

terça-feira, 19 de maio de 2015

- Você pode me pagar um salgado?

Desculpa, moço, a vida também não tem sido bondosa comigo. E eu estou egoísta demais para te pagar uma bala que seja. Sim, estou com pressa, estou mal humorada, estou indignada. Não vou abrir a bolsa aqui no meio desse tumulto para alguém tocar em mim. A vida não é justa, tenho certeza que você concorda comigo. A gente deposita num desconhecido qualquer a esperança de que ele vai nos pagar um salgado. Eu também achei que alguém fosse me salvar hoje mesmo. Não é assim que funciona. Não agora. Juro que se fosse há três dias atrás, eu te pagava um salgado. Odeio que você tenha se esbarrado em mim e em minha arrogância infantil de descontar o mundo logo hoje. Só sirvo para aumentar seu desprezo. Assim como fizeram comigo. Talvez a gente só possa dar aquilo que tem. Não tenho bondade hoje, apesar de me sobrar um pouco de empatia. Meu coração dói de negar o que não me faria tanta falta - talvez uma passagem de metrô, mas eu poderia ir andando. Desculpa. A nossa vida só depende de nós mesmo. Uma vez ou outra damos sorte - como você daria se fosse há três dias atrás. Mas hoje... ou você fica com fome, ou você rouba um salgado. Eu também tenho mendigado coisas. As pessoas não dão o que não tem. Sorte que aprendi que podemos plantar. Força, amigo. E mais esperança que eu. 

- Não. 

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Quase

Chacoalhou. Teve Disparada depois da Romaria e eu chorei no Relicário. More than words, meu amor. Muito mais. Hoje o pássaro preto dos Beatles veio me visitar na calada da noite. Contou-me coisas que eu já sabia, mas não queria ver. Fechei as redes sociais e fui escrever. Sou quase jornalista-escritora. Estou prestes à prestar atenção no mundo. Apesar de ainda escrever em primeira pessoa. Ah, os velhos modos... capeta do inferno.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

O que ele tem que os outros não têm?


Ele é meu boneco amarelinho. Tem aquelas pintinhas no peito e todo um ar de capitão. Não admite, mas acorda mais dengoso que eu. Disfarça drama com braveza. Tem cheirinho de Homem. Respeita minha – como é que ele chama mesmo? – frigidez. Ameniza minha frigidez. Ensinou-me gritar. Aprendi xingar. Porque bagunça meu cabelo (e minha vida), mas arruma. Conhece com o que me estresso e sabe a palavra que acalma. Inspira. Expira. Lê quanto eu, escreve melhor. Ama do jeito mais doido que já vi. É racional, real e me faz querer ser. Querer ser e crescer. Tem insônia e vela meu sono. Me aperta como se não fosse pra sempre. Cuida de Cleo melhor que dele. Cuida de mim melhor. Melhora. Tira foto e manda. Faz exatas e tem o coração inexato. Decora os dias por mim. Sabe minha alma, mas não minha senha. Me beija no olho e me dança na sala. Sabe brincar com Sofia igual com Maria Fernanda. É lindo. E forte. Mata com a boca, beija com o olhar. Atura o drama, o sono, o tanto, a saudade. Leal. Leão. Às vezes, arranca-me o braço, quando acaricio. Depois me dá um melhor. Ou deixa eu usar o dele. Quer muito, sem saber que já é.

Desanda...

aí Desarma
a Arma

Dura

e Ama. 

sábado, 13 de setembro de 2014

"Coragem da chuva" ou "Velocidade Insana"

A diferença entre a gente é que enquanto eu chamo pra dançar na chuva, você se tranca no quarto esperando passar. Assim, como partilhar a mesma velocidade da ventania?

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Desconfiada

Desconfio de que o pior sentimento do mundo seja a falta. Sentir falta. Falta de reconhecimento, falta de atenção, falta de presença. Desconfiava de que - o pior sentimento do mundo - era a culpa, mas o que é a culpa, senão a falta de perdão? Desconfio de que ou eu sou extremamente idiota ou humanamente incrível. E um está mais perto do outro do que pensava. Desconfio de que não é amor, se há indiferença. Desconfio de que sou muito mais paciente do que a maioria das pessoas. Desconfio de quem diminui o outro para ser maior. E é. Desconfio da agressividade gratuita. Desconfio de que gosto de sofrer, mas prefiro muito mais a reconciliação. Desconfio de que minha Liberdade é do tamanho da minha vontade, mas que nenhuma pode mandar. Desconfio de que eu amo alguém mais do que a mim. Desconfio de que estou fodida.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Criatura

Acho que eu descobri meu problema com (os meus) aniversários. Eu não gosto de ser o centro das atenções. A não ser quando tenho um palco pra um ballet muito bem ensaiado. O problema é que eu não nasci para ser presenteada (e não há - quase - nenhum drama nisso) e sim presentear. Nasci para mostrar pessoas incríveis, obras incríveis, acontecimentos incríveis. Bons ou não. Que o mundo saiba disso. Acredite ou recuse isso. Eu nasci para fazer os outros brilharem. Para ajudar, mostrar, divulgar, reclamar, melhorar.  Tão autocrítica, que eu não suportaria uma profissão que o foco não fosse o outro. E apesar de tudo, tão (m)eu. Cada construção de pensamento, palavra no lugar ou fora dele. Eu sou o que as pessoas são, fazem, pensam, sentem, querem. Uma vez, um amigo me disse que achava publicidade uma das piores profissões, porque a pessoa não fazia nada próprio. Daí me lembrei da palavra que Lucas me ensinou: Poiesis... “a minha criação, na qual crio a mim mesmo na medida em que crio no mundo”. Tudo que fazemos é criação. E esse tanto de vida (preguiçosa, talvez, mas ainda assim vida) só é possível por vocês, por suas criações, minhas, nossas. 

Talvez falte coragem para o foco ser eu.