Acho que eu descobri meu problema com (os meus)
aniversários. Eu não gosto de ser o centro das atenções. A não ser quando tenho
um palco pra um ballet muito bem ensaiado. O problema é que eu não nasci para
ser presenteada (e não há - quase - nenhum drama nisso) e sim presentear. Nasci para
mostrar pessoas incríveis, obras incríveis, acontecimentos incríveis. Bons ou
não. Que o mundo saiba disso. Acredite ou recuse isso. Eu nasci para fazer os
outros brilharem. Para ajudar, mostrar, divulgar, reclamar, melhorar. Tão autocrítica, que eu não suportaria uma
profissão que o foco não fosse o outro. E apesar de tudo, tão (m)eu. Cada
construção de pensamento, palavra no lugar ou fora dele. Eu sou o que as
pessoas são, fazem, pensam, sentem, querem. Uma vez, um amigo me disse que
achava publicidade uma das piores profissões, porque a pessoa não fazia nada
próprio. Daí me lembrei da palavra que Lucas me ensinou: Poiesis... “a minha
criação, na qual crio a mim mesmo na medida em que crio no mundo”. Tudo que
fazemos é criação. E esse tanto de vida (preguiçosa, talvez, mas ainda assim
vida) só é possível por vocês, por suas criações, minhas, nossas.
Talvez falte coragem para o foco ser eu.