quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Fala, Maria

Lembra daquele menino que te contei? Da tatuagem nas costas... e nos braços. Ele era lindo, K. Lindo, mesmo. Cabelo enroladinho. Mas você sempre soube que não ligo pra isso de beleza. Quer dizer, até ligo, mas minha beleza não é a beleza de todo mundo. Poucas pessoas gostam do que gosto. Mas o melhor dele não era a beleza. Era nós. Quando a gente terminou eu sempre fiquei pensando assim: será que eu senti tudo errado sozinha? Será que é possível eu achar alguém que me faça sentir e ser melhor que isso? O mundo é mesmo louco, né. Tenho uma amiga que tinha certeza que ia casar com o ex dela, que tem o mesmo nome desse. Eu não achava, mas queria. Pela primeira vez.
Espera, não me interrompa. Sei que não somos amigos, por isso que me abro assim pra você. Gosto de conservar essa lonjura de quem carrega "amante" no nome. Amantes são perigosos. Falando nisso, eu não nasci pra amante. É, eu sou. Com um leve peso na consciência... mas sabe o que eu li esses dias? Não fui eu que jurei fidelidade. Faz muito sentido. Eu só confesso que às vezes queria ser a primeira opção.
Numa dessas tentativas de primeira opção, eu fiquei com o baixista daquela banda rockeira que te mandei o Soundcloud. Por quê? Porque ele parecia não ter nada a ver, fisicamente, com o que fazia e quando tocava parecia ser o lugar onde se encontrava... parecia que não existia mais banda, sabe? Era ele e o baixo, além da minha interrupção com o olhar pouco notada. Eu achei isso a coisa mais lindo do mundo. A gente acabou no banheiro da festa, acredita? Uma menina entrou e eu morri de vergonha, aí ele disse que nunca mais eu ia vê-la. Mas eu vejo todo dia na minha cabeça. Tenho uma consciência terrível, você sabe. A gente não fez nada demais, mas eu fiquei com aquela sensação de... não sei. Aquela sensação queria te conhecer melhor, será que é recíproco? Não sei se me comportei bem pra deixar uma sensação assim, também.
Percebeu que desde o menino tatuado eu procuro uma primeira opção parecida? Não é comparação. É só me sentir bem, mesmo. Você acha possível amar duas pessoas? Seja sincero... tenho pensado nisso há uns dias. As pessoas deviam levar as coisas de um jeito mais simples. Eu sei, eu sei, ninguém é simples, mas as coisas não podem ser?
Quando eu me sentisse assim demais você pediu pra eu escrever, lembra? O problema é que você vive interrompendo meus pensamentos e eu sempre me perco... mas deixa eu terminar de contar de Gabriel...

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Será que

Estamos de volta à primavera, baby! Já diria Saramago, muito sabiamente, que das habilidade que o mundo sabe, essa ainda é a que faz melhor: dar voltas. E depois de tantas voltas, um ano. Um ano que eu encontrei você muito sem querer e tive a maior vontade de conversar de novo e você quase que me ignorou naquela rampa. E por causa desse dia, voltamos a nos falar.
E cá estamos. Com mais um ano pra coleção disso que é tão nosso e nada nosso, também. O inclassificável. O que não existe, mas mesmo assim mexe, explode, esconde, volta, fica inerte, dorme, hiberna, ressuscita, morre.
É isso. Só pra registrar um novo tempo marcado por esse calendário contrastando com minha nostalgia louca.