terça-feira, 19 de maio de 2015

- Você pode me pagar um salgado?

Desculpa, moço, a vida também não tem sido bondosa comigo. E eu estou egoísta demais para te pagar uma bala que seja. Sim, estou com pressa, estou mal humorada, estou indignada. Não vou abrir a bolsa aqui no meio desse tumulto para alguém tocar em mim. A vida não é justa, tenho certeza que você concorda comigo. A gente deposita num desconhecido qualquer a esperança de que ele vai nos pagar um salgado. Eu também achei que alguém fosse me salvar hoje mesmo. Não é assim que funciona. Não agora. Juro que se fosse há três dias atrás, eu te pagava um salgado. Odeio que você tenha se esbarrado em mim e em minha arrogância infantil de descontar o mundo logo hoje. Só sirvo para aumentar seu desprezo. Assim como fizeram comigo. Talvez a gente só possa dar aquilo que tem. Não tenho bondade hoje, apesar de me sobrar um pouco de empatia. Meu coração dói de negar o que não me faria tanta falta - talvez uma passagem de metrô, mas eu poderia ir andando. Desculpa. A nossa vida só depende de nós mesmo. Uma vez ou outra damos sorte - como você daria se fosse há três dias atrás. Mas hoje... ou você fica com fome, ou você rouba um salgado. Eu também tenho mendigado coisas. As pessoas não dão o que não tem. Sorte que aprendi que podemos plantar. Força, amigo. E mais esperança que eu. 

- Não. 

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Quase

Chacoalhou. Teve Disparada depois da Romaria e eu chorei no Relicário. More than words, meu amor. Muito mais. Hoje o pássaro preto dos Beatles veio me visitar na calada da noite. Contou-me coisas que eu já sabia, mas não queria ver. Fechei as redes sociais e fui escrever. Sou quase jornalista-escritora. Estou prestes à prestar atenção no mundo. Apesar de ainda escrever em primeira pessoa. Ah, os velhos modos... capeta do inferno.